O Presídio de Itajubá inaugurou mais um galpão de trabalho nesta quinta-feira (16.04). A parceria com a Y Confecções, que fabrica uniformes escolares e empresariais, sacolas ecológicas e roupas sociais, empregará doze detentos no novo galpão de 110 m2. São dez máquinas de costura para tecidos leves e pesados manuseadas por detentos que, em sua maioria, nunca haviam costurado.

Confecção de roupa no Presídio de Itajuba - Carlos Alberto/ Imprensa MG

É o caso de Luís Felipe, de 20 anos, que diz ter ficado confuso quando soube que poderia trabalhar com costura. "Hoje sei que a foi a melhor coisa que me aconteceu aqui. Gosto muito do que eu faço", conta o rapaz, preso há um ano e quatro meses.

Stefaniu Negrini, de 22 anos, também nunca tinha operado uma máquina de costura antes. O jovem trabalhava na agricultura antes de ser preso e a nova experiência de trabalho, segundo ele, tem sido gratificante. "Abracei a oportunidade de aprender a costurar. É muito melhor estar aqui do que dentro da cela. O trabalho faz toda a diferença na nossa passagem pelo presídio", diz.

Inauguração confecção de roupas no Presídio de Itajuba - Carlos Alberto/Imprensa MG

Falta de experiência não foi o problema para Jorge Aparecido da Silva, de 45 anos. Ele começou a costurar aos 18 e exerceu o ofício por mais de dez anos. Quando foi preso, há dez meses, recebeu o convite para trabalhar no antigo galpão de costura.

"Eu já tinha experiência com corte, costura e modelagem. Fazer parte desta equipe é muito gratificante. Eu posso ajudar os colegas e ainda faço a manutenção das máquinas com o conhecimento que tenho sobre os equipamentos", conta Jorge.

Os detentos que não tinham experiência neste ramo de atividade fizeram um curso de corte e costura promovido pelo Pronatec, um programa do Governo Federal. Depois do curso e dos treinamentos oferecidos pela Y Confecções, os presos começaram a fabricar as peças. Atualmente, chegam a produzir cerca de 100 blusas por dia.

O Diretor de Ressocialização do Presídio de Itajubá, Leandro Rodrigues Palma, ressaltou que os sentenciados produzem peças para a internacionalmente conhecida malharia Malwee, que terceiriza a sua produção.

Segundo Carlos Henrique do Carmo, sócio proprietário da Y Confecções, "a parceria proporcionou um aumento de 25% no esgotamento final do produto. O objetivo é atingir a marca de 50%". O proprietário da empresa disse, ainda, que a parceria é considerada pelos sócios um grande sucesso.

Por trás dos muros há muito trabalho

O Presídio de Itajubá é um verdadeiro complexo industrial. São 16 empresas parceiras, instaladas em salas e galpões bem estruturados, proporcionando oportunidade de trabalho para 200 presos. A unidade abriga também uma extensão da Escola Estadual Major João Pereira, recém-inaugurada, que atende a 120 presos.

Sala de aula da Escola Estadual Major João Pereira no Presídio de Itajubá - Carlos Alberto/ Imprensa MG

Por trás dos muros da unidade há confecções, padaria, lavanderia, montagem de equipamentos eletrônicos, fábrica de blocos de cimento, fábrica de extensões e fiações para residências e indústrias, fábrica de armações metálicas e oficina de produção de artigos religiosos.

Uma das empresas instaladas dentro do Presídio de Itajubá, a Megatron, ocupa um galpão de 450 m2 e emprega dez presos. A empresa investiu mais de R$700 mil em equipamentos e a parceria será ampliada em breve. A contratação de mais 20 presos deve acontecer nos próximos dias. Os novatos trabalharão na fabricação de antenas, fruto de uma parceria entre a Megatron e a operadora de telefonia Oi.

Curiosidade

Durante a Jornada Mundial da Juventude, realizada no Rio de Janeiro em 2014, seis presos da unidade de Itajubá produziram cinco mil terços missionários, que foram enviados para a comitiva do Papa Francisco. Esse trabalho é resultado de uma parceria da unidade com a empresa Vilma Artigos Religiosos. A produção semanal chega a 500 terços, que são vendidos em várias partes do mundo, inclusive no Vaticano.

 

Por Flávia Lima