Há cerca de sete meses o entorno do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Betim mudou de cara. Em vez de mato e entulho, a verde fartura de uma horta. Nesse intervalo de tempo, foram colhidos cerca de 300 kg de verduras, legumes, plantas medicinais e até sementes de girassol. Dois agentes penitenciários e quatro detentos do regime semiaberto cuidam do espaço. Toda a produção é doada para servidores e instituições de assistência social da região.

A horta tem o apoio de vários parceiros, como a Prefeitura de Juatuba, que emprestou o trator para limpeza, doou mudas e cede um agrônomo para visitas mensais de assistência técnica. A Igreja Batista de Betel, além de apoiar o trabalho com doações, também recolhe a produção para distribuí-la gratuitamente em bairros pobres de Betim.

Segundo a diretora de Atendimento do Ceresp, Tatiane Costa, a horta representa para os detentos uma perspectiva de futuro fora do ambiente prisional. “Nosso intuito é o de ampliar esse tipo de ação, com apoio de uma equipe multidisciplinar, para cumprir o papel ressocializador do Estado”, explica.

Repolho, cebolinha, alface, tomate, couve, mandioca, brócolis, ora-pro-nobis, são algumas das variedades produzidas na horta. A produção é orgânica, sem emprego de adubos químicos. Os presos trabalham das 8h às 17h na horta, sendo beneficiados com remição de pena – desconto de um dia a cada três trabalhados.

Jefferson Rodrigues de Faria, 27 anos, é um dos presos aprovados pela Comissão Técnica de Classificação (CTC) e autorizado pelo juiz a trabalhar fora, uma vez que a horta foi implantada no entorno do Ceresp. Para Jefferson, muita coisa mudou depois que começou a trabalhar no espaço, como o carinho com a terra e com a sua liberdade. “Me tornei uma pessoa mais tranquila, sinto uma sensação de liberdade. A cela é deprimente e a horta é terapia”.

Por Fernanda de Paula

Crédito fotos: Omar Freire/Imprensa MG